Das cartas que eu nunca te escrevi #Rotaroots

"Todo mundo sonha, todo mundo chora, todo mundo já viu alguém que ama ir embora, todo mundo sofre, todo mundo erra, todo mundo tem as suas próprias guerras..." - Marcela Taís

Se eu pudesse te escrever uma carta agora, seria esta.
Eu sempre te admirei e te amei muito, pena que demorei tanto para ver que devia ter te dito quando ainda havia tempo.

Esse tempo que pode durar uma eternidade ou um instante. Tempo que não espera as coisas acontecerem, ele simplesmente te leva. E sem avisar...

Demorou para eu perceber que eu estava te perdendo, que eu nunca mais ia te ver. É difícil e doloroso dizer adeus. Esse adeus dura para sempre, pois na verdade, aceitar é o mais complicado. Você não sente os anos passarem, quando percebe já se foram muitos.

Viver todos os dias sem tua presença, teus conselhos, tua mão...dói mais do que te perder.
Dizer que queria ter mais uma chance de poder abraça-lo ou ouvir sua voz - nem que fosse me dando uma bronca - seria clichê, talvez? Mas era o que desejava de fato.

Queria que alguns filmes se tornassem reais, como Click - tendo um controle remoto para rebobinar o tempo, fazer mudanças...ou como em "Questão de Tempo" que só entrando no armário e pensando no momento, pronto! Você está lá. E assim, eu estaria todos os dias te revendo e revendo os melhores momentos. A vida não é um filme e viver a vida real é que não é fácil. Pensar em perder alguém importante dói só no pensamento.

Até hoje não soube te perder, sonho com você sempre, como se ainda estivesse aqui. E às vezes isso se torna tão real, que sinto tua presença.

Os pequenos momentos são os que mais ficam na lembrança. De quando me deitava em seu colo para assistir TV e acabando dormindo...ou simplesmente quando brincávamos de quem pegava o polegar de quem. Jogar cartas, sua vitamina especial para mim...cai uma lágrima ao pensar que não tenho mais nada disso. Muitas vezes indagamos aos céus, porque pessoas boas se vão...e porque temos que ir? Mas a resposta nunca teremos, na verdade. Basta o que o seu coração crer.

Só sei que esta carta é uma daquelas que nunca te escrevi, mesmo tendo te escrito várias. Mas esta sei que nunca irá ler, mas fica o meu desabafo, pois tem coisas que só se vão quando escritas.
Adeus, Pai! Daqui, mas não aqui - do meu coração.

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